Para assinalar o dia de África que se comemora no próximo dia 25 de Maio, o Núcleo de Estudantes Africanos da Faculdade de Direito de Lisboa (NEAL-FDL) em parceria com a Associação de Apoio ao Estudante Africano e Comunidades (AAEAC), realizaram uma Conferência subordinada ao tema o Investimento em África – Possível solução da crise financeira e as repercussões do investimento chines, no pretérito dia 18 de Maio na Faculdade de Direito de Lisboa.
Durante mais de 4 horas, o auditório 5 da FDL e o hall central da universidade acolheram diversos estudantes de outros polos universitários e uma exposição alegre e de cores vivas animou as centenas de visitantes entre os quais se destaca o conhecido professor da FDL doutor Marcelo Rebelo de Sousa.
Abriu a conferência o Professor Doutor Eduardo Vera – Cruz Pinto, Presidente do Conselho Diretivo da FDUL, que não deixou de louvar a iniciativa da NEAL-FDL e AAEAC como uma iniciativa rica e de importância intelectual indelével porque disse “ refletir a vossa áfrica em Portugal é regressar a essência das vossas raízes e isso tornar-se-á muito útil nas vossas vidas académicas”. Foi moderador o Dr. Dário Moura Vicente e intervieram os três conferencistas convidadas com temáticas específicas no quadro do Investimento em África.
Após abertura solene, o professor Catedrático e Presidente do Instituto de Direito Económico, Financeiro e Fiscal da Faculdade de Direito de Lisboa (IDEFF), doutor Eduardo Paz Ferreira começou por destacar a coragem dos estudantes da NEAL pela forma empenhado como realizaram a Conferência que apenas pecou pela fraca mas justificada participação dos estudantes que maioritariamente estão atolados com a elaboração dos trabalhos científicos que o quadro de Bolonha exige.
O professor Eduardo Ferreira, falou da necessidade emergente da avaliação dos tipos de investimentos que ocorrem em África e sobre a importância dos estudantes refletiram sobre o consenso de Washington e o consenso de Pequim. Perdeu quem esteve ausente porque os presentes tiveram uma aula excepcional sobre o quadro real, os modelos e novos paradigmas de investimentos que ocorrem em África.
Enquanto no hall central, o staff da NEAL-FDL e da AAEAC expunham o que de melhor a áfrica tem produzido nos últimos anos (artesanato, pinturas e obras literárias) o Dr. Felizardo Gonçalves, Representante da Agência para o Investimento e o Comércio Externo de Portugal – AICEP Portugal Global dissertava sobre o tema “Investimento Estrangeiro em África – Evolução e Perspetival”. Na sua alocução, o conferencista destacou o crescimento da economia africana e defendeu que a saída à crise para Portugal está em aprofundar os investimentos em África.
O critério do debate adoptado pelo moderador foi o agendamento de todas as perguntas para posterior resposta dos conferencistas. Já o crepúsculo se anunciava quando o Dr. José Manuel Costa Presidente da Associação de Apoio ao Estudante Africano e Comunidades, Licenciado em Ciências Politicas e Relações Internacionais pela Universidade Lusófona de Lisboa iniciara a sua prelação com o subtema “A valorização de quadros como vector de desenvolvimento económico em África”.
Durante a sua aclamada intervenção, o Dr. José Manuel Costa considerou que África é “o continente com a população mais jovem do mundo, dentro de cinquenta anos será o continente com a população mais activa do mundo e serão ainda o continente com a taxa de natalidade mais numerosa do mundo. O Futuro pertence-nos. E acreditamos que o melhor e maior investimento está na formação do homem e no melhoramento das nossas comunicações multilaterais” disse.
Abordando sobre o que pensa sobre o que deveria ser o investimento português, em particular, em Angola o líder da AAEAC defende que Portugal ganhará muito mais se apostar no maior dos investimentos não coisificados que é o HOMEM, ou seja, na formação de quadros e na melhoria da comunicação reciproca investindo em uma comunicação povo a povo e não na actual fundada em Estado/Estado.
Depois de ter criticado duramente o tipo de investimento que vai ocorrendo um pouco por todo o continente, deixou um repto para que o futuro relacionamento entre os países colonizadores e povos colonizados mudem o estereótipo de chauvinismo, paternalismos, saudosismo e definitivamente possam conviver como povos solidários, fraternos, dialogantes e humanista: “a concretização do projeto da edificação da CASA DOS ESTUDANTES LUSÓFONOS seria um bom prenúncio para a grande maioria dos estudantes africanos em Portugal. A maior parte dos estudantes africanos têm grandes dificuldades habitacionais e de alojamento. A CEL pode concentrar um conjunto de soluções dos estudantes lusófonos em Portugal. As instituições só ganham forma e força se contarem com a pujança dos homens e mulheres que fazem as nossas grandes nações. E nós somos a elite dirigente do amanha, mas o futuro começa hoje e aqui”.
Recorda-se que foi a 25 de Maio de 1963, proclamou-se a Organização de Unidade Africana (OUA), actual União Africana, num contexto de várias perturbações caracterizadas por confrontos político-militar e pela crise económica mundial. os chefes de estados, reunidos em Addis Abeba, Etiópia, cujo objectivo principal era o de libertar o continente africano das garras do colonialismo e do Aparttheid, bem como promover a emancipação dos povos africanos. A OUA deu lugar à actual União Africana, em 2002.
A NEAL-FDL tem como uma das metas a alcançar, é a afirmação do Neal , dentro e fora da Faculdade, nas mais diversas formas, em que teremos um papel fundamental na consciencialização da importância da existência de Núcleos de Estudantes Africanos, activos, que não se confinem aos respectivos núcleos, mas que se fortaleçam e colaborem na defesa dos interesses dos alunos, não só africanos ou afro descendentes, mas dos estudantes em geral, porque antes de tudo, somos Estudantes. Neste sentido, será fundamental a colaboração com as mais diversas instituições, desde a AAFDL, passando pela Faculdade Direito Lisboa, até outros organismos.
Por seu lado, a AAEAC visa contribuir para a valorização da formação Cientifica, Profissional e Cultural dos Estudantes Africanos que frequentam os Estabelecimentos de Ensino em Portugal e sua integração na comunidade em que estão inseridos, funcionar como pólo observatório privilegiado no desempenho da cooperação portuguesa no âmbito da Comunidade dos países de Língua Portuguesa, CPLP, bem como de outras comunidades africanas, dar respostas às principais necessidades dos estudantes africanos no espaço Português, estudar as necessidades reais de formação e promover acções de ajuda mútua e de solidariedade entre os estudantes e colaborar com entidades Públicas e Privadas portuguesas na promoção de estágios para os estudantes africanos e estimular o seu regresso aos países de origem.
A todos os participantes que, pela sua presença, intervenção e sugestões, valorizaram o encontro, justificaram a sua razão de ser e nos estimularam a continuar, o nosso grande bem-haja!